A estimativa da composição corporal por meio de medidas antropométricas utiliza medidas simples como por exemplo, massa, estatura, perímetros, diâmetros ósseos e espessura de dobras cutâneas.
Quando o objetivo é estimar somente a porcentagem de gordura corporal, as medidas mais utilizadas são as de dobras cutâneas.
E por que se faz a medida das dobras cutâneas? Isso acontece porque metade do conteúdo corporal total da gordura está localizado nos depósitos adiposos embaixo da pele, diretamente relacionado com a gordura total.
Nesse artigo você conhecerá tudo sobre os tipos de dobras cutâneas, as localizações das dobras cutâneas e como medí-las. Boa leitura!
O que são dobras cutâneas?
Em primeiro lugar, o que é dobra cutânea? A dobra cutânea se define como uma medida da espessura de duas camadas de pele e a gordura subcutânea adjacente.
As dobras cutâneas que aparecem com maior frequência e que atendem às necessidades da grande maioria das equações preditivas de gordura corporal são:
- Tríceps (TR);
- Subescapular (SB);
- Bíceps (BI);
- Axilar média (AM);
- Torácica ou peitoral (TX);
- Supra-ilíaca (SI);
- Supra-espinal (SS);
- Coxa (CX);
- Panturrilha medial (PM).
Por que fazer a avaliação das dobras cutâneas?
Um dos meios mais práticos para a avaliação da composição corporal é o uso das dobras cutâneas pois 50 a 70% da gordura corporal está localizada subcutaneamente, e algumas dobras cutâneas têm mostrado relação com a adiposidade corporal total.
A avaliação das dobras cutâneas é um método indireto e os resultados servem para aplicar em diversas fórmulas e diferentes equações para definir os percentuais de gordura e composição corporal de um paciente.
As avaliações físicas, ainda são necessárias para identificação e acompanhamento de tratamentos e o desenvolvimento de estratégias para melhorar a saúde corporal.
Sendo assim, saber como fazer avaliação física de dobras cutâneas é de extrema relevância para profissionais de educação física e nutricionistas.
Quais são os tipos de dobras cutâneas mais comuns?
A literatura especializada menciona a existência de aproximadamente 93 possíveis locais anatômicos onde a medida de uma dobra cutânea pode ser realizada.
No entanto, para agilidade do processo, na maior parte dos protocolos, utiliza-se de dois a nove locais de medidas.
Como existem diversos tipos de medidas de dobras cutâneas e suas principais aplicações, a seguir veremos alguns tipos de dobras cutâneas importantes para a avaliação corporal.
Dobra Cutânea do Tríceps
A dobra cutânea do tríceps ou tricipital é medida na face posterior do braço, paralelamente ao eixo longitudinal, no ponto que compreende a metade da distância entre a borda súpero-lateral do acrômio e o olécrano.
Dobra Cutânea Subescapular
A medida da dobra cutânea subescapular é executada obliquamente em relação ao eixo longitudinal, seguindo a orientação dos arcos costais, sendo localizada a dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula. Dessa forma, a dobra cutânea forma uma linha de 45 graus em relação ao alinhamento da pele natural e se prolonga na diagonal, em direção ao cotovelo direito.
Dobra Cutânea Axilar Média
A dobra cutânea axilar média se localiza no ponto de intersecção entre a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura do apêndice xifóide do esterno.
A medida é realizada obliquamente ao eixo longitudinal e transversal, com o braço do avaliado deslocado para trás, a fim de facilitar a obtenção da medida.
Dobra Cutânea do Bíceps
A dobra cutânea do bíceps é medida no sentido do eixo longitudinal do braço, na sua face anterior, no ponto de maior circunferência aparente do ventre muscular do bíceps.
Dobra Cutânea Peitoral ou Torácica
A dobra cutânea peitoral ou torácica é uma medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, na metade da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo, para homens, e a um terço da linha axilar anterior, para as mulheres.
Dobra Cutânea Suprailíaca
A dobra cutânea suprailíaca é obtida obliquamente em relação ao eixo longitudinal, na metade da distância entre o último arco costal e a crista ilíaca, sobre a linha axilar média.
Para isso, é necessário que o avaliado afaste o braço para trás para permitir a execução da medida.
Dobra Cutânea Supraespinal
A dobra cutânea supraespinal é utilizada no cálculo do somatotipo de Heath-Carter. Ela é medida 5 a 7 cm acima da espinha ilíaca anterior, na intersecção entre uma linha horizontal na altura do ponto íleo-cristal e uma linha oblíqua proveniente da borda axilar anterior, destacada num ângulo aproximado de 45º.
Dobra Cutânea Abdominal
A dobra cutânea abdominal é medida aproximadamente a dois centímetros à direita da cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo longitudinal. Outros especialistas propõem que a realização da medida seja feita transversalmente.
Dobra Cutânea da Coxa
A dobra cutânea da coxa é medida paralelamente ao eixo longitudinal, sobre o músculo reto femural, a um terço da distância do ligamento inguinal e da borda superior da patela. Além disso, também pode ser sugerido que seja feita na metade desta distância.
Para facilitar o pinçamento da dobra, o avaliado deverá deslocar o membro inferior direito à frente, com uma semiflexão do joelho, e manter o peso do corpo no membro inferior esquerdo.
Dobra Cutânea da Panturrilha Medial
Para execução da medida da dobra cutânea da panturrilha medial, o avaliado deverá estar sentado, com a articulação do joelho em flexão de 90º, o tornozelo em posição anatômica e o pé sem apoio.
A dobra é pinçada no ponto de maior perímetro da perna, com o polegar da mão esquerda apoiado na borda medial da tíbia.
Dobras cutâneas – passo a passo para fazer a medição
A medição de dobras cutâneas é um método com bom custo benefício e de fácil execução. No entanto, deve ser feito do modo adequado para oferecer um resultado fiel. A seguir, você verá o passo a passo para a execução dessa medida.
Marcar o local apropriado da medida
Em primeiro lugar, o avaliador deverá identificar e marcar com um marcador de dobras cutânea, caneta ou lápis dermatográfico o local da medida.
Vale ressaltar que todas as medidas devem ser realizadas no lado direito do corpo (hemicorpo direito).
Pinçamento da dobra cutânea
Para pinçar a dobra cutânea, o profissional deve utilizar o dedo indicador e o polegar da mão esquerda para diferenciar o tecido celular subcutâneo do tecido muscular.
Aproximadamente um centímetro abaixo do ponto de reparo pinçado pelos dedos devem ser introduzidas nas pontas do adipômetro ou plicômetro.
Leitura do adipômetro
Para execução da leitura, deve-se aguardar em torno de dois segundos após o compasso ou adipômetro ter sido solto por completo.
É importante observar se as hastes do compasso ou adipômetro estão perpendiculares à superfície da pele no local da medida.
Devem ser executadas três medidas não consecutivas de cada dobra escolhida. O objetivo deste procedimento é evitar três valores muito próximos, fácil de acontecer ao executar as medidas consecutivamente no mesmo ponto de reparo.
Também para evitar a influência do avaliador sobre as medidas, é interessante poder contar com um anotador.
Por fim, caso a diferença seja superior a 5% entre a menor e a maior medida encontrada no mesmo ponto de reparo, devemos realizar uma nova série de medidas.
Como calcular o percentual de gordura através de dobras cutâneas?
Existem diferentes padronizações para as medidas de dobras cutâneas, ou seja, não há uma forma mais correta que as outras para se medir as dobras cutâneas.
O importante é utilizar sempre a mesma padronização para que possam ser feitas comparações ao longo do tempo.
Quando se trabalha com equações de predição de gordura corporal, deve-se medir as dobras cutâneas seguindo rigorosamente a padronização proposta pelo autor da referida equação.
Para que o percentual de gordura seja obtido de forma correta, é preciso usar equações preditivas que forneçam o valor da densidade corporal (DC).
A gordura corpórea é calculada a partir dessa fórmula, sendo DC = densidade corporal:
G (%) = 4,95 – 4,50 X 100 DC
Para homens, os valores de referência de gordura corpórea é de até 25%. Para mulheres, vai até 30% do peso corporal.
Por fim, a massa magra se obtém através da subtração da gordura em relação ao peso total da pessoa.
Conheça 4 equações utilizadas para o cálculo da densidade corporal (DC).
Equação Jackson e Pollock (1978)
Uma das mais utilizadas. Temos uma equação generalizada para homens de 18 a 61 anos e outra para mulheres de 18 a 55 anos.
Essa equação utiliza 7 dobras cutâneas, a torácica, axilar média, tríceps, subescapular, abdominal, suprailíaca e coxa, além da idade em anos do avaliado.
Equação de Slaughter (1988)
Essa primeira equação determina, de forma direta, a percentagem de gordura corporal para crianças e adolescentes, isto é, pessoas entre 7 e 18 anos.
Vale ressaltar que ela depende do nível de maturidade, da origem e das dobras cutâneas tricipital e subescapular.
Equação de Peterson (2003)
Em segundo lugar, essa é uma equação para adultos entre 18 e 55 anos. Ela depende da altura, idade, peso atual e das dobras cutâneas da coxa, supra ilíaca, subescapular e tricipital.
Equação de Evans (2005)
Por fim, a equação de Evans é usada para atletas. Ela depende das dobras cutâneas abdominal, da coxa e tricipital, além de variar conforme gênero e origem.
Qual o nome do aparelho para aferir a dobra cutânea?
Para aferir as dobras cutâneas com precisão, é preciso usar instrumentos adequados. O principal instrumento para aferir a dobra cutânea é o adipômetro.
O adipômetro também pode se chamar de compasso de dobras cutâneas, espessímetro, ou plicômetro.
Os adipômetros podem se diferenciar de acordo com os fabricantes. E como escolher um modelo de adipômetro? Os modelos mais indicados exercem pressão constante de 9,5 à 10 g/mm² e têm Anvisa.
Conclusão
Nesse artigo foi possível entender diversas informações sobre as dobras cutâneas: como medir, quais são os diversos tipos de dobras e qual é o instrumento ideal para fazer essa medição.
O objetivo das avaliações das dobras cutâneas é, portanto, estimar o nível de gordura corporal.
Para que a avaliação seja realizada é necessário utilizar equipamentos com precisão, qualidade e quando aplicável, com os devidos registros nos órgãos competentes, como a Anvisa.